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Mulheres não entregues atraem Homens não presentes

O abismo dele, a sua profundidade, é o espaço de queda para a entrega dela, para a sua dança, seus rodopios, confusões, desejos, ânsias, medos. O abismo dela, o seu útero, é o espaço que será penetrado pela profundidade dele. O abismo dela abre-se, entrega-se e mergulha no abismo dele. O abismo dele invade, inflama e penetra o abismo dela.

A mulher precisa de ansiar por profundidade e assim aumentar seu abismo interior. Isso atrairá os melhores homens, aqueles com profundidade suficiente para preenchê-las, aqueles com um abismo infinito o suficiente para que elas se precipitem, que se atirem, que se entreguem.

Por um lado, a profundidade masculina funciona de forma ativa, invadindo-a, dominando-a, acolhendo-a, como se tivesse passagem livre pelo corpo e pela alma feminina, em uma massagem incessante, interna e externa.

Por outro lado, a profundidade masculina é passiva, sendo o abismo no qual a mulher se atirará, sendo o espaço e a liberdade para o mergulho feminino, para sua derradeira entrega.

O homem tem de treinar caminhar livremente no meio da confusão feminina, no meio das suas energias de movimento frenético. Uma lucidez dentro dos ciclos malucos das mulheres. Sem isso, uma mulher não se conseguirá soltar. Essa prática pode ser feita com qualquer manifestação feminina (música, natureza, problemas cotidianos, momentos de prazer sensorial, situações aflitivas, cinema) e não apenas diretamente com mulheres. Não é por acaso que os músicos em geral adquirem habilidades especiais de sedução e conquista.

Homens não presentes são homens pouco profundos, seres sem abismo. Mulheres não entregues, igualmente, são mulheres sem um vasto abismo interior. Num casal, a intensidade da ânsia feminina pela entrega é proporcional à profundidade da presença masculina.

Quanto mais presente e lúcido for um homem, maior será sua atração pelas energias femininas de movimento, dança, música, brilho e encantamento. Um homem profundo exige uma mulher entregue. Somente ela se deixará conduzir para locais impossíveis, somente em total entrega o homem penetrará seus pontos intocados.

A maior tesão do homem-abismo é penetrar a sua mulher por inteiro e fazê-la confiar mais nele do que em si mesma, iniciando-a no mistério do amor, na energia de êxtase da liberdade. A maior tesão da mulher-abismo é entregar-se perdida e completamente, expressando toda a sua beleza e brilho em uma dança cuja condução cabe exclusivamente ao seu homem e cujos movimentos cabem exclusivamente a ela.

Rendição. Uma mulher autêntica deseja apenas isso, ser totalmente rendida. Ela pode parecer querer comandar ou não saber o que deseja. Ela pode irritar o seu homem, provocá-lo ou evitá-lo. Mas ela só quer a sua potência, a sua liberdade, a sua profundidade. Ela quer ser interrompida na sua confusão. Quer ser rendida, de corpo e alma.

Por mais que uma mulher seja independente, autônoma e inteligente, o que ela mais deseja é ser sua, possuída pelo amor e pela consciência de um homem. Quando um homem-abismo diz “tu és minha”, não está a falar de posse, mas de um acolhimento infinito e incondicional. Dizer isso para uma mulher é algo tão corajoso e raro, como é abraçar o mundo todo, tornar-se o universo, tornar-se pura liberdade. É fazer amor com todas as energias femininas de criação que constituem todos os fenômenos, todos os seres.

Num certo sentido, penetrar uma mulher é penetrar o mundo. Não há diferença entre os contornos de uma mulher e vales, montanhas, sóis e estrelas. Acariciar verdadeiramente uma mulher é ficar íntimo de todos os fenômenos e seres. Ao sentir-se confortável com as reclamações e surtos de uma mulher, o homem aprende a sentir-se “em casa” e aberto a qualquer situação possível no mundo. Ao libertar a sua mulher, o homem liberta o mundo. Do mesmo modo, que ao entregar-se para seu homem, a mulher entrega-se à vida em toda a sua potência, abre-se ao universo, é possuída pelo infinito — e não há nada mais belo do que uma mulher que exibe isso no seu olhar.

Numa relação iluminada, eles abismam-se um ao outro. A mulher entrega-se ao homem e, de dentro dele, dança o universo com a sua energia de luminosidade, brilho, charme, carne, prazer. O homem a possui e, dentro dela, fornece o espaço e a liberdade para que nasça mais um universo. É tão simples como as danças de salão: o homem conduz e a mulher rodopia, encanta, fascina.

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